terça-feira, 4 de dezembro de 2007


Evidências

Bordo em pontos de cruz
bonequinhos, abelhas e bicos-de-lacre.
A lua verte versos vermelhos no bastidor.
O mel escorrega sereno pela colher.
Miro a tarântula que tece, retece teias
cingindo meu sonho com fios coloridos.

O relógio que canta o tempo,
traz-me rugas e saudades:
o doce de mamão cristalizado;
o futuro imaginado, lá no passado;
a mão generosa de minha mãe;
o ressonar de gente em nossa casa.

Prendi um galho de arruda na orelha.
Tentei, desesperada espantar as dores.
Ó meu Deus, meu deusinho!
A aranha captura a mosca.
Sob o meu olhar impaciente
de criança desobediente.

O amar é mar imenso.
Vem com silêncios, desembarca no trem,
trapaceia a alma da gente,
nos enche com maçãs do amor,
filmes de Hollywood e balas de anis
Quero a vida dantes: plantar sementes,
colher a chuva com os dedos,
não ser poeta, assim, tão desatinado.


5 comentários:

Anônimo disse...

Amo como você escreve, traduz com maestria o que sente.

Pricila Sá disse...

Olá, eu consegui parar de fumar, fiz o tratamento no posto de saúde, usei adesivos e a goma e não fumo desde 14 de nov. de 2007, até hj eu nem acredito pq fumei mais de 30 anos, não queria fazer 50 anos idade fumando. Então vc conseguirá tbm.

Flávio Costa disse...

Ê Tia Pata!!! Quando colocar um blog no ar, avisa a genet, né?? rsrsrsrs Me amarrei.

Bjão.

Flávio.

Marcelino Tostes Padilha Neto disse...

Um dos poemas mais lindos que já bebi até hoje! Fátima é mesmo um fenômeno: delicada e feroz igualmente!

Unknown disse...

Há tempos não lia uma poesia com tanto gosto de suavidade... Tantas sensações...cores, sabores, sons...saudade... Total sinestesia.
Fátima, querida, seus poemas fizeram-me voltar no tempo e o passado transformou-se em agora.