terça-feira, 17 de novembro de 2009

O que reluz e o que nos reduz



E tudo que reluziu depois do apagão foi a moça da minissaia da UNIBAN, ou melhor, UNITALIBAN. Com os seus 15 minutos de fama, a estudante Geyse Arruda ganhou espaço no mundão de Deus, foi convidada para desfilar na Sapucaí, mudou o visual, é a pop star do momento. Apareceu em todos os programas de sensacionalismo da tevê.
Vai aí um recado para a moçada da UNIBAN: o tiro saiu pela culatra, o preconceito de vocês, criou polêmica e tornou-se uma questão de ética. Eduardo Suplicy foi à universidade, sem a polêmica cueca vermelha, é lógico! Falou de cidadania para a garotada que preferiu o silêncio diante do apelo do senador. Ficou a certeza que ainda somos bárbaros quando se trata do respeito ao outro. Faltou moralidade ou fábulas a serem contados para os meninos de São Bernardo e região?
A semana ficou ofuscada com o inexplicável apagão. Falta nos fez o ex-presidente, Jânio Quadros, para dar uma explicação plausível, como as malditas forças ocultas que o derrubaram em 25 de agosto de 1961. O governo aponta uma tempestade concentrada na região de Itaberáuma. Não dá para se acreditar que três raios poderosos possam ter caído quase ao mesmo tempo sobre três linhas de transmissão – sendo que uma delas distante 20 quilômetros de outras duas construídas quase lado a lado. Como diz o ditado popular: “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Três raios sincronizados? Sinistro.
Entre 1999 e 2001, durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, sofremos apagões que prenunciaram o maldito racionamento. Nestes anos o volume de água nos reservatórios das usinas hidroelétricas estava abaixo do normal. Era um tal de ter que tomar banho frio para economizar energia. Hoje a situação é inversa, os reservatórios de água estão em um nível muito mais altos do que há dez anos e os investimentos feitos em energia são considerados suficientes.
Na terça-feira passada (10) não houve ausência de energia, o problema foi técnico. A versão do governo que diz ser fatores climáticos a causa da pane geral é contestada por especialistas em eletricidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão do governo que monitora as tempestades garante que a rede tem capacidade de enfrentar chuvas e ventos muito mais intensos. “Não existiu fenômeno climático nessa região que não fosse capaz de ser suportado", disse Mario Veiga Ferraz Pereira, especialista em planejamento energético.
Para a ministra Dilma Rousseff “não estamos livres de blecaute”. A chefe da Casa Civil, meio à francesa, deu o assunto como encerrado. Encerrado o escambau, eu fiquei sem ver o Jô Soares, minha geladeira descongelou, meu computador novo comprado nas Casas Bahia deu piripaque, fora os danos causados a um montão de brasileiros, que tiveram que correr risco de morte, para voltarem para casa. A listagem de coisas lesadas pelo apagão é inquietante.
Voltando às fábulas e ditos populares, faz-se justo lembrar que “em boca calada não entra mosquito”. A gente escuta isso desde criança, mas nem todo mundo aceita a verdade e termina se deixando levar pelo descumprimento verbal, fala-se o que vem à cabeça e ouve-se o que não quer. Isso se aplica ao reitor e alunos da UNIBAN como para os membros do governo federal, com suas justificativas intempéries.
Fechamos a semana com uma chuvarada de declarações insossas e a visita da Madonna que apaixonada pelo tupiniquim Jesus Luz, veio trazer para as nossas crianças sem recursos um pouco de consolo. Nos dias de hoje, a estrela pop encarna a Madona, Nossa Senhora Sarada do século XXI.

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