sábado, 13 de fevereiro de 2010

Zaranzar



Sou homem de poucas e tristes palavras.
Fecho os enganos, calço minhas esporas,
monto na tristeza e me ponho nas léguas.
Sempre calado, distante com minhas idéias.

Ganhei a calma, perdi a hora, cresci na lida
Em busca do pouco fui inventando mundos.
Topei com gente do povo e homens graúdos
Cheios de cobre com seus cheiros de podre.

Trago no peito um escapulário afugentador
de vespas humanas e olho grande.
Não tenho posses, não tenho amores.
Tenho-me por inteiro nas andanças.

Desoriento-me diante da falta de senso,
do olhar duvidoso de quem tem fome,
do que mata sem honra, dos meninos
e meninas malabaristas do asfalto.

Arrepio-me todo, encho-me em choros
se o vento da infância sopra nas lembranças.
A dor me toma o corpo, dou uma boa fungada
e parto rumo aos meus desenganos.

Um comentário:

Pedro Luso de Carvalho disse...

Fárima,


"Zaranzar" é uma poesia que nos faz sentir as penas, mas também a coragem e a força do homem, que poderia ser visto como humilde, mas, ao contrário, é um forte.

Abraços,
Pedro.