terça-feira, 20 de abril de 2010

"Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem." Será?

A República de Malta é um pequeno país europeu, composto por um arquipélago de cinco ilhas muito próximas, situadas a 93 km ao sul da ilha da Sicília, na Itália com 93,4% de sua população de católicos. O papa Bento XVI, no último fim de semana, visitou o país para lembrar o 1950º aniversário do naufrágio do apóstolo Paulo na ilha mediterrânea. O papa se reuniu com um grupo de pessoas que foram internas do orfanato católico Casa São José, na localidade de Santa Venera. Eles pediam justiça pelos abusos sexuais cometidos por religiosos na instituição durante os anos 80.
Por um instante, ou seja, uma eternidade do meu tempo penso na Igreja de Paulo e na Igreja de Bento, a peregrinação dos dois se confundem no tempo e nos objetivos. Não que eu queira a doutrina pregada por Paulo ou Bento. Há muito me afastei do ópio da religião, isso pode causar certa indignação entre os leitores. Mas esta é uma história que a mim pertence, outro dia falo sobre.
Sempre houve supostos casos de abusos sexuais no meio clérigo. Penso que pedidos de desculpas e afagos papais não são suficientes para apagar as marcas dos corpos abusados. Na sociedade civil quem pratica pedofilia é punido pela justiça e dentro dos cárceres. (abre-se exceção ao caso do pedreiro, Adimar da Silva que estava com liberdade provisória depois de cumprir quatro anos por barbáries cometidas, em novembro de 2005, com dois jovens de Águas Claras, cidade próxima a Brasília. O pedreiro reincide e mata seis jovens em Luziânia, GO, preso em 10 de abril). Em tempo, Adimar supostamente suicidou-se nos domingo dia 18 de abril. Mais um caso de incompetência da nossa justiça.
Até pensei em definir a palavra pedofilia, mas não vale a pena. Dói muito saber que existem pessoas desprendidas de qualquer pudor e com total perversão, usam crianças de modo sórdido para satisfazerem suas fantasias.
Quando criança, fiz a primeira comunhão, como todas as crianças, vesti-me de branco, preparei-me para receber Cristo. Eu me encantava com as missas de maio, os anjos, o cheiro do incenso e a água benta, meio turva da entrada da igreja. Não quero generalizar e tampouco julgar todos religiosos. Afinal, muitas vezes gostei de ir à igreja e ouvir os sermões do padre Edson, tão politizados e didáticos. Mas não calarei a minha indignação. Cresci aprendendo que aquela é a casa de Deus e que os homens e mulheres próximas a ele inspiram caridade, benevolência, amor ao próximo e paz. Imaginem a cabeça de quem passou por um abuso dentro da casa de Deus. Quem custeará o tratamento das vítimas abusadas? Que se use o dízimo e riquezas que a Igreja amontoou em nome de Jesus.
Muito fácil sair pelos quatros cantos e pedir perdão: pela inquisição, extermínio de índios e desculpas para o Galileu.
Vossa Santidade se diz comovido pelas histórias de abuso e expressou sua vergonha e lamentou pelas vítimas e pelo sofrimento de suas famílias. É necessária uma ação reparadora mais contundente por parte da Igreja.
Os tempos são outros e até Paulo nos daria o direito de viver com a verdade e abominaria a hipocrisia. Esperamos que na casa de Deus além de vassoura e muita água benta, haja sabão suficiente.





4 comentários:

Graça Carpes disse...

É assim... desde sempre. Parece poesia, mas não o é. É pedofilia.
Todos os grupos fechados inspiram loucuras. Repito, não é poesia.

Mauro Luiz Senra Fernandes disse...

Minha Cara,
Não podemos generalizar um tema tão importante como esse. A a Igreja Católica é uma instituição muito antiga e comandada por pessoas.
São as pessoas que estão doentes, é a humanidade que está doente.
Os culpados devem ser punidos.
Agora lhe pergunto: Onde está a família dessas vítimas? Que lugar elas ocupam na vidas dessas pessoas?
Vamos dividir as responsabilidades, numa relação tudo é dividido por 50%, quando esta tudo bem ou não.
Não sou dono da verdade, até porque a verdade não existe.
Parabéns pelo artigo. Super pertinente.

Anônimo disse...

Minha querida Maluquinha,

Há anos também estou fora. O velho Colégio de Freiras,a Matriz e as aulas da Dona Do Carmo são hoje lembranças da infância.

Decepcionei-me demais com os ditos cujos e com o que chamo de ""Pedireja Gastrólica"".

Deixando de lado a citação de casos verídicos ( dona Nilza me mata ou deserda ), sempre tive bons papos com um conhecido nosso, Padre, já falecido, sobre essas questões e muitas outras.

A função da PG nada mais é do que cristalizar a miséria, pois só assim pode sobreviver.

Você viu alguma doação do Vaticano para as Catástrofes ao redor do mundo nos últimos tempos...?

Óbvio que não. Se podem, até faturam algum em nome não sei de que.

Não livro aqui as demais ""pedirejas gastrólicas"": todas iguais. Deveria ter montado uma prá mim.

Hoje, tenho meus papos com o Grandão, pai do JC, e é só.

Em Tempo: soube há pouco que a Matriz da PG de lá está mandando cartinha pros lá batizados a partir de 1950, advinha prá que...?

Avisei prá distinta senhora minha mãe que não desse meu endereço.

Abracim e queijim do amigo,

Juanito

Obs: Não à toa, o tema central do meu livro maluco é uma disputa entre a PG e uma seita ""atrikana"" chamada UmBaQue, que usa o ""mé"" como estimulante nas seções.....hehehehehehe.

Tá quase pronto. Tenho dado risadas; sózinho como um louco(?).

vivimilward disse...

Parece causo, mas é caso sério e antigo. Estamos acostumados a nos permitir a maior das hipocrisias que é o calar sobre fatos visíveis e inadmissíveis. E se nos manifestamos é somente nos poucos momento que os fatos surgem de modo explosivo e não há como não nos posicionarmos. Esse meu pensar não se refere apenas aos repulsivos casos de abuso sexual cometido por padres, mas a todos os absurdos que acompanhamos em nossa sociedade diariamente e, mesmo condenando no silêncio, não fazemos nada. Discutir o tema é por demais demorado, mas seu belo artigo nos obriga a uma reflexão, que espero sinceramente nos retire da omissão .