sábado, 5 de dezembro de 2009

A insustentável posição do ser


Tomamos conhecimento do escândalo envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, cuja participação foi comprovada com gravações que demonstram um esquema de distribuição de propinas. Numa operação intitulada pela Policia Federal de Caixa de Pandora, contou com 150 policiais e apreendeu R$ 700 mil em dinheiro, além de US$ 30 mil s e 5 mil Euros. Os boatos de que existia o pagamento já passavam de boca em boca pelos corredores da Câmara Legislativa há alguns meses.
Não há muita surpresas em tais escândalos. A fórmula é sempre a mesma. Eles se elegem e são corrompidos, ou então já vieram com essa ideia pré-concebida ao assumirem o poder.
Existem no Brasil muitas palavras para caracterizar a corrupção: cervejinha, molhar a mão, lubrificar, lambileda, mata-bicho, jabaculê, jabá, capilê, conto-do-paco, conto-do-vigário, jeitinho, mamata, negociata, por fora, taxa de urgência, propina, rolo, esquema, peita, falcatrua, maracutaia, etc. Ah! A mais conhecida, Lei de Gérson, ou seja, o comportamento de querer “tirar vantagem em tudo”, presume que os sujeitos aguardam o máximo possível de benefícios, visando o beneficio próprio.
A falta de transparência na gestão pública, a baixa escolaridade de nosso povo que se alheia das decisões relevantes à sociedade e a impunidade criam mecanismos favoráveis às ações corruptas.
O sistema eleitoral brasileiro tem parcela de culpa para que a corrupção faça parte do nosso dia-a-dia político. Não há limites para o financiamento privado das campanhas, partidos sem programas definidos e claros são alvos de empresários gananciosos. O voto sem critério, a constante troca de partidos e outros tantos mecanismos isenta a responsabilidade dos eleitos com seus eleitores.
Pior, somos um povo que por força de suas necessidades, vamos elegendo arrrudas, rurizes, iedas, malufs, ribamares (codinome: sarney) dirceus, collores de melo, todos minusculamente colocados, por não se darem o respeito e nem nos respeitarem como POVO.
Detalhar o “caso Arruda” é ser repetitivo e isso cabe à mídia com seu poder de manipulação e esclarecimentos. A mim cabe sentir a dor física e moral e querer compartilhar este momento de indignação.
Senhores detentores do poder, o que me tranquiliza um pouco é o poder judiciário e as ações impetradas pela Polícia Federal, que inteligentemente dão nomes sugestivos as suas atuações, agem com destreza e a certeza que pessoas como Arruda, tem telhados de vidros. O poder é transitório, ninguém o sustenta por muito fazendo falcatruas.
Leitores desculpem-me, mas saber de uma outra corrupção, dói tanto quanto bala perdida. Não percebo a diferença entre um político engravatado e um traficante de drogas. De leve, há exceções! Mas poder e money, money, very money deterioram os dois.

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