quarta-feira, 16 de junho de 2010

Somos gatos escaldados

Será que não dá para os atuais candidatos à Presidência da República nos poupar? Seriamente, fico a espera, em todo ano eleitoral, de uma campanha com menos trocas de farpas e dossiês. Quero é uma ideologia fundada em princípios, que tenha comprometimento com as causas sociais e principalmente com a educação. Se há necessidade de alianças para fortalecer, que sejam com partidos que tenham o mesmo ideal. Não sei se podemos idealizar utopias com que já serviu a uma ditadura.
Todo este meu sentimento é comum à maioria das pessoas que passaram durante cinco décadas, vendo o mundo se transformar. Em particular, tivemos no Brasil uma ditadura militar, combatida pela “guerra de movimento”, que não conseguiu ir além da guerrilha urbana. Foi um desastre que só resultou na derrota das organizações armadas e endurecimento do regime e na sua maior duração. O processo de abertura foi iniciado pelos próprios algozes em 1979.
Em 1985, o país estava redemocratizado e, em 1988, uma nova Constituição que, se não chegou a antecipar uma república socialista, quase chegou a ela.
Vimos a sociedade atravessar por Woodstock, o festival que representou muitas conquistas como liberdade de expressão; liberdade sexual; o estabelecimento da força jovem; a exposição das necessidades das minorias; o fortalecimento do potencial feminino frente a um mundo machista e o congraçamento de brancos, negros, gays, ricos e pobres.
Em maio de 1968, na França, estudantes deixaram as salas de aula e se mobilizaram para dar a seus professores, família, instituições e governo lições sobre os novos tempos, a liberdade e a rebeldia. Solidificando as mudanças, a queda do muro de Berlim, em 1989, significou o fim dos regimes comunistas da Europa.
Portanto, caros senhores candidatos, somos partes fragmentadas que se uniram em prol de um mundo mais justo e igual. Ainda vivemos num planeta com paradoxos, há sistemas que condenam a um padrão de vida miserável os seus cidadãos.
Fomos reformulados para pensar com amplitude e fórmulas antigas de se fazer política nos enjoam. Não queremos discursos engajados no coronelismo e tampouco um socialismo quem se aproveita da ignorância do outro para tirar vantagem.
Começaremos a semana com a oficialização das candidaturas e na terça-feira a estréia na nossa seleção na Copa do Mundo de Futebol. Um momento oportuno para boa reflexão. Candidatos mirem-se no líder sul-africano, Nelson Mandela.
Tanto Dilma como José Serra foram perseguidos pelo regime militar. Ambos representam uma geração marcada por transformações doridas e conhecem as necessidades da sociedade moderna. O eleitor deve romper as estruturas do corolenismo, que ainda teima em reinar nas cabeças de nossos políticos. Na sociedade do século XXI há bastante espaço para se reinventar fórmulas de politicagem decente, sem que os candidatos se engalfinhem pelo poder e maculem a honra do povo.

Nenhum comentário: